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domingo, 18 de abril de 2010

Marlene Dietrich



Marie Magdalene Dietrich nasceu em 27 de dezembro de 1901, em Berlim, como segunda filha do oficial de polícia prussiano Louis Erich Otto Dietrich, morto em 1907. A mãe, Wilhelmina Elisabeth Josephine Dietrich, casou-se pouco tempo depois com o tenente Edouard von Loch, que viria a morrer na 1ª Guerra Mundial. Logo depois da guerra, Marie Magdalene tornou-se Marlene Dietrich. A partir de 1922, ela dividiu seu tempo entre o teatro e o cinema; em 1924 nasceu sua filha Maria, fruto de seu casamento com o assistente de direção Rudolf Sieber.
Em 1929, o diretor austríaco Josef von Sternberg chamou-a para o papel da cantora de cabaré Lola Lola em O Anjo Azul, filme que marcou o nascimento de um mito. Von Sternberg, que já nessa época vivia nos EUA, transformou a jovem roliça num ser esbelto, misterioso e um pouco andrógino, características que ela cultivou ao longo de sua carreira de atriz e cantora. No dia seguinte à estréia de O Anjo Azul - em 1/4/1930, no Gloria-Palast em Berlim - Marlene Dietrich foi ao encontro de von Sternberg, em Hollywood, e trabalhou com ele em outros seis filmes, contratada pela Paramount. O primeiro deles foi o clássico Marrocos (1930), com Gary Cooper, onde a atriz surgiu de fraque e cartola, uma sensação na época, e por cuja atuação foi indicada ao Oscar de melhor atriz. A ele seguiu-se o filme Dishonored (1931), no qual ela interpretou uma espiã austríaca durante a Primeira Guerra. Estes dois filmes já definiram o "Dietrich-Touch": a femme fatale solitária, cujo passado não lhe dava paz. As mulheres às quais Marlene dava vida na tela eram inteligentes e independentes, assim como ela o era na vida real. A produção seguinte, O Expresso de Shangai (1932), tornou-se o maior sucesso da dupla Dietrich-von Sternberg e elevou Marlene a ícone hollywoodiano do desejo, um ícone com muito estilo, mistério e brilho. Já seu quarto filme americano, A Vênus Loira, também de 1932, foi um dos mais notáveis de toda sua carreira. Novamente ela usou fraque e cartola, desta vez, toda de branco. A própria atriz deu a idéia para o filme, único onde ela fez o papel de uma mãe. Dietrich faria ainda outros dois filmes com von Sternberg: A Imperatriz Galante (1934) e A Mulher Satânica (1935).
Em 1936, a atriz, anti-nazista convicta, recusou o convite de Joseph Goebbels, ministro da Educação e Propaganda do 3º Reich, para retornar à Alemanha, onde cada filme rodado lhe renderia uma fortuna. Ela era a estrela de Hollywood que Hitler queria conquistar para fins de propaganda, e os convites se sucederam. Mas Dietrich continuou nos EUA, trabalhando com diretores como Ernst Lubitsch, Billy Wilder, Alfred Hitchcock, Orson Welles e Fritz Lang, e em 1939 tornou-se cidadã americana. Durante a Segunda Guerra, engajou-se na luta contra Hitler apresentando-se para as tropas americanas no front no norte da África e na Itália, auxiliando em hospitais e através de gravações radiofônicas. Na época ela também incluiu em seu repertório a famosa canção "Lili Marleen", que a acompanharia até o final de sua vida. Por seu engajamento durante a Guerra, a atriz recebeu condecorações dos EUA, França e Israel. Mas na Alemanha, muitos não a perdoaram pelo fato de ela retornar ao país em ruínas vestindo um uniforme americano. Em 1960, numa última visita a Berlim para uma apresentação, houve demonstrações de protesto, e manifestantes portavam faixas com os dizeres "Marlene, vá embora!". Ela viveu com esta mágoa, mas ainda assim manifestou o desejo de ser sepultada em sua cidade natal.
De 1922 a 1978, Marlene Dietrich atuou em 55 filmes; seu último grande papel no cinema foi em Julgamento em Nuremberg (1961), dirigido por Stanley Kramer. No meio tempo ela deu início à sua igualmente bem-sucedida carreira de cantora, ou melhor, de diseuse, em 1953, no Hotel Sahara, em Las Vegas. Sua voz rouca e sensual deleitou platéias em todos os continentes, fosse em Nova York, Londres, Moscou, Tóquio, Jerusalém ou no Rio de Janeiro, onde se apresentou em 1959 e onde gravou o LP "Dietrich in Rio", até 1975, quando quebrou o fêmur ao cair no palco em Sidney, na Austrália. A partir de 1976 a diva viveu reclusa em Paris, e em 1978 aceitou um último papel no cinema, no filme Apenas um Gigolô, de David Hemming. Em 1983 Marlene Dietrich autorizou Maximilian Schell a realizar o documentário Marlene, com recortes de seus filmes e ao qual ela emprestou somente sua voz, em longas entrevistas com o diretor. Ela morreu em 6 de maio de 1992, em Paris, e foi sepultada em Berlim.
Ao longo de sua vida, Marlene Dietrich colecionou cerca de 15 mil fotografias e poucas foram feitas sem sua supervisão. Ao contrário de esta coleção singular representar simplesmente um capricho de uma atriz egocêntrica, trata-se de um arquivo de trabalho que documenta a sua exigência por perfeição. Esta coleção, junto com o restante de seu espólio, forma a "Marlene Dietrich Collection", que hoje se encontra no Museu do Cinema, em Berlim.

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