Marie Magdalene Dietrich nasceu em 27 de dezembro de 1901, em Berlim, como segunda filha do oficial de polícia prussiano Louis Erich Otto Dietrich, morto em 1907. A mãe, Wilhelmina Elisabeth Josephine Dietrich, casou-se pouco tempo depois com o tenente Edouard von Loch, que viria a morrer na 1ª Guerra Mundial. Logo depois da guerra, Marie Magdalene tornou-se Marlene Dietrich. A partir de 1922, ela dividiu seu tempo entre o teatro e o cinema; em 1924 nasceu sua filha Maria, fruto de seu casamento com o assistente de direção Rudolf Sieber.
Em 1929, o diretor austríaco Josef von Sternberg chamou-a para o papel da cantora de cabaré Lola Lola em O Anjo Azul, filme que marcou o nascimento de um mito. Von Sternberg, que já nessa época vivia nos EUA, transformou a jovem roliça num ser esbelto, misterioso e um pouco andrógino, características que ela cultivou ao longo de sua carreira de atriz e cantora. No dia seguinte à estréia de O Anjo Azul - em 1/4/1930, no Gloria-Palast em Berlim - Marlene Dietrich foi ao encontro de von Sternberg, em Hollywood, e trabalhou com ele em outros seis filmes, contratada pela Paramount. O primeiro deles foi o clássico Marrocos (1930), com Gary Cooper, onde a atriz surgiu de fraque e cartola, uma sensação na época, e por cuja atuação foi indicada ao Oscar de melhor atriz. A ele seguiu-se o filme Dishonored (1931), no qual ela interpretou uma espiã austríaca durante a Primeira Guerra. Estes dois filmes já definiram o "Dietrich-Touch": a femme fatale solitária, cujo passado não lhe dava paz. As mulheres às quais Marlene dava vida na tela eram inteligentes e independentes, assim como ela o era na vida real. A produção seguinte, O Expresso de Shangai (1932), tornou-se o maior sucesso da dupla Dietrich-von Sternberg e elevou Marlene a ícone hollywoodiano do desejo, um ícone com muito estilo, mistério e brilho. Já seu quarto filme americano, A Vênus Loira, também de 1932, foi um dos mais notáveis de toda sua carreira. Novamente ela usou fraque e cartola, desta vez, toda de branco. A própria atriz deu a idéia para o filme, único onde ela fez o papel de uma mãe. Dietrich faria ainda outros dois filmes com von Sternberg: A Imperatriz Galante (1934) e A Mulher Satânica (1935).
Em 1936, a atriz, anti-nazista convicta, recusou o convite de Joseph Goebbels, ministro da Educação e Propaganda do 3º Reich, para retornar à Alemanha, onde cada filme rodado lhe renderia uma fortuna. Ela era a estrela de Hollywood que Hitler queria conquistar para fins de propaganda, e os convites se sucederam. Mas Dietrich continuou nos EUA, trabalhando com diretores como Ernst Lubitsch, Billy Wilder, Alfred Hitchcock, Orson Welles e Fritz Lang, e em 1939 tornou-se cidadã americana. Durante a Segunda Guerra, engajou-se na luta contra Hitler apresentando-se para as tropas americanas no front no norte da África e na Itália, auxiliando em hospitais e através de gravações radiofônicas. Na época ela também incluiu em seu repertório a famosa canção "Lili Marleen", que a acompanharia até o final de sua vida. Por seu engajamento durante a Guerra, a atriz recebeu condecorações dos EUA, França e Israel. Mas na Alemanha, muitos não a perdoaram pelo fato de ela retornar ao país em ruínas vestindo um uniforme americano. Em 1960, numa última visita a Berlim para uma apresentação, houve demonstrações de protesto, e manifestantes portavam faixas com os dizeres "Marlene, vá embora!". Ela viveu com esta mágoa, mas ainda assim manifestou o desejo de ser sepultada em sua cidade natal.
De 1922 a 1978, Marlene Dietrich atuou em 55 filmes; seu último grande papel no cinema foi em Julgamento em Nuremberg (1961), dirigido por Stanley Kramer. No meio tempo ela deu início à sua igualmente bem-sucedida carreira de cantora, ou melhor, de diseuse, em 1953, no Hotel Sahara, em Las Vegas. Sua voz rouca e sensual deleitou platéias em todos os continentes, fosse em Nova York, Londres, Moscou, Tóquio, Jerusalém ou no Rio de Janeiro, onde se apresentou em 1959 e onde gravou o LP "Dietrich in Rio", até 1975, quando quebrou o fêmur ao cair no palco em Sidney, na Austrália. A partir de 1976 a diva viveu reclusa em Paris, e em 1978 aceitou um último papel no cinema, no filme Apenas um Gigolô, de David Hemming. Em 1983 Marlene Dietrich autorizou Maximilian Schell a realizar o documentário Marlene, com recortes de seus filmes e ao qual ela emprestou somente sua voz, em longas entrevistas com o diretor. Ela morreu em 6 de maio de 1992, em Paris, e foi sepultada em Berlim.
Ao longo de sua vida, Marlene Dietrich colecionou cerca de 15 mil fotografias e poucas foram feitas sem sua supervisão. Ao contrário de esta coleção singular representar simplesmente um capricho de uma atriz egocêntrica, trata-se de um arquivo de trabalho que documenta a sua exigência por perfeição. Esta coleção, junto com o restante de seu espólio, forma a "Marlene Dietrich Collection", que hoje se encontra no Museu do Cinema, em Berlim.
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